quinta-feira, 30 de setembro de 2021

Jornal dos Sports, 5/8/1959 - O GOL "GIRAFA" (O gol mais bonito de Pelé)

Na edição do dia 5 de agosto de 1959, o tradicional jornal carioca "Jornal dos Sports" publicou, na página 5, um desenho do gol mais bonito de Pelé, e também um texto de Adriano Neiva da Motta e Silva, o De Vaney, que "batizou" o gol como O GOL GIRAFA.



O texto da reportagem na foto mais abaixo:
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UM GOAL GIRAFA
- Aquilo que Pelé fêz, domingo, no campo do Juventus foi uma paródia, no duro, da história do cidadão, que depois de olhar a girafa um tempo enorme, concluiu categórico: - "Este bicho não existe!"

O goal de Pelé, no modo, no jeito, na forma, no feitio que foi feito, repetiu, no football, a anedota da girafa: - não existe...

Quando Domingos da Guia, em 1931, tirou aquela bola dos pés de Dorado, com tal sutileza, que Dorado ficou pensando e sentindo, que chutara a bola em goal, que vira até a bola entrar no goal do Brasil, quando Domingos da Guia fêz aquilo, êle fechou a porta dos recordes em matéria de perícia defensiva. Agora, a porta se trancou mais adiante, no ataque, porque o goal de Pelé, o 4º do Santos contra o Juventus, no campo da Mooca, foi a obra-prima, a construção mais perfeita, a idealização mais empolgante, a consecução mais arrebatadora que hoje se viu.



O moço recebeu de Coutinho, elevou a bola para que ela passasse sôbre Homero. Passou. Depois vinha vindo Clóvis. Nova elevação, cobrindo Clóvis. Depois, o Mão de Onça, em feito de torpedo, arrojou-se pelo espaço. Eram três mãos contra um pé: as duas mãos do Mão de Onça e o próprio Mão de Onça, e já com o goal à sua frente, mas com a bola indo tombar distante dêle, esticou o corpo, e num quarto toque, desta vez de cabeça, pôs a pelota no barbante.


Primeiro, todo mundo estático, ninguém bateu palmas. E só depois que, de queixos caídos, voltaram aos seus lugares, é que a multidão, até com gente do Juventus no meio dela, aplaudiu o menino que, lá dentro do campo, era carregado em triunfo pelos seus companheiros de equipe e cumprimentado, também, por camisetas grenás, com um "J" ao peito.

E foi assim, que 28 anos mais tarde, Pelé aduziu à jogada do Domingos, e aquela sobre Rorado, aquela que devia ter sido a última antes do público voltar a adquirir novo ingresso para assistir o fim do prélio - foi assim que Pelé criou no ataque, ao lado da invenção de Domingos da Guia na defesa, um recorde difícil de igualar: - o goal girafa, isso é, um goal que não existe...

De Santos, por *De Valney, especial para JORNAL DOS SPORTS.
👉"De Valney" provavelmente deve ter sido erro de tipografia na impressão do jornal.


Adriano Neiva da Motta e Silva, o De Vaney, (à esquerda com o ainda desconhecido menino Pelé em 1956) acompanhou de muito perto a carreira de Pelé, desde que o futuro rei do futebol chegou ao Santos FC em 22 de julho de 1956. 
Ele também assistiu ao 1º treino do Rei logo no dia seguinte, e foi o jornalista a quem Pelé deu a sua primeira entrevista.


JORNAL DOS SPORTS, 5/8/1959, Página 5👉 AQUI

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