Com mais de 1000 gols em toda a carreira, Pelé fez a alegria de milhões de torcedores por todo o mundo e trouxe desespero para muitos goleiros ao longo de duas décadas como jogador profissional. Mas teve, ao menos, um que pode se recordar com muito carinho do Rei do Futebol. Trata-se de Shep Messing, goleiro americano "contratado" pelo New York Cosmos, após defender um pênalti chutado por Pelé. Fã e amigo do Atleta do Século, o ex-jogador que hoje em dia é comentarista esportivo da ESPN, lembra da ligação que mudou sua vida e dos anos em companhia do ídolo.
- Eu joguei pela seleção americana antes de Pelé e do Cosmos, mas todo jogo perdíamos por 7 a 0, 8 a 0. Éramos um bando de universitários competindo. Eu jogava no Boston e Eusébio era do meu time. Na primeira vez que jogamos contra o Cosmos, era o duelo Pelé contra Eusébio e o jogo foi para os pênaltis. A última cobrança foi batida por Pelé. Até hoje, ele ainda brinca dizendo que foi ele quem perdeu, mas eu toquei o dedo. Peguei o pênalti de Pelé e nós vencemos o jogo. Na semana seguinte, meu telefone tocou e era alguém do Cosmos, dizendo que o Pelé queria "aquele goleiro americano". Então, eu voei para Nova York - recorda Messing.
Shep Messing chegou ao time do New York Cosmos após o campeonato nacional de 1976. E, conhecido pela fama de "playboy" americano, apresentou a "cidade que nunca dorme" ao camisa 10 do time. Se na década de 70 Pelé não conhecia muitos lugares nos Estados Unidos, hoje, aos 75 anos, tem apartamentos, casas, negócios e amigos.
- Nova York é uma cidade feita para Pelé. E nós amamos ele. Onde ir, como ir, quem visitar, onde estão os melhores restaurantes, filmes, boates, Greenwich Village. Eu dizia: "Pantera, nós podemos ir para as boates, ninguém vai tirar fotos. Tem tantas histórias que não posso contar, mas eu o levei para a 5ª Avenida, para os restaurantes - comenta o ex-goleiro.
Nas três temporadas que jogou no futebol dos Estados Unidos, Pelé tem números expressivos dentro e fora de campo. A sua estreia pelo Cosmos, em junho de 1975, bateu recorde de audiência na TV americana, com mais de 10 milhões assistindo a partida contra o Dallas. As cifras milionárias de sua contratação movimentaram a economia do país.
Dentro das quatro linhas foram 107 jogos, 65 gols e um título nacional, em 1977, último ano de sua carreira. Shep Messing lembra do único pedido do Rei aos companheiros de time.
Dentro das quatro linhas foram 107 jogos, 65 gols e um título nacional, em 1977, último ano de sua carreira. Shep Messing lembra do único pedido do Rei aos companheiros de time.
- "Por favor, amigos, mais um jogo". Ele queria se despedir com o título. Nós não planejamos, mas fomos até o Pelé. Eu, o outro goleiro Erol Yasin, Franz (Beckembauer) e o resto do time. E todos nós demos uma volta olímpica, os torcedores foram à loucura. Quando voltamos para onde começamos, Pelé disse: "Shep, outra volta" - lembra Messing.
Outro fato que o ex-goleiro americano se recorda com nitidez é a dedicação de Pelé nos treinamentos. Aos 34 anos e tricampeão mundial com a seleção brasileira, o Atleta do Século sempre ficava até depois do período de treino para "aperfeiçoar" alguma coisa.
- Foi marcante porque era o Pelé. Depois dos treinos, todos os dias, Pelé me perguntava se eu poderia ficar mais 20 minutos. Outro jogador ficava cruzando bolas para ele. Naquele estágio da carreira, ele não precisava treinar mais 20 minutos para ser perfeito. Mas essa era uma das coisas que o faziam tão incrível - concluiu Shep Messing.
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