FILME PELÉ ETERNO

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A prova definitiva de quem é o melhor jogador de sempre

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Pelé, a Bola de Prata da Revista Placar e a camisa comemorativa recuperada 42 anos depois



A Revista Placar é uma das mais tradicionais e respeitadas revistas esportivas do Brasil, e foi criada na década de 60 para ser uma espécie de France Football brasileira.

Pelé beija seu prêmio símbolo da Bola de Prata
Pelé beija seu prêmio símbolo da Bola de Prata / Crédito: Foto: Lemyr Martins

Quando PLACAR instituiu o troféu Bola de Prata, em 1970, Pelé ainda estava em campo.
Mas um dos itens do regulamento dizia que ele era hors-concours. Ou seja: era tão superior aos outros concorrentes que não poderia receber notas nem ser eleito como o melhor do ano em sua posição.

Em 1971, o Rei recebeu um troféu símbolo ao completar 1 000 jogos,
em um amistoso obscuro no Suriname entre o Santos e o Transvaal.
O enviado especial da PLACAR, Lemyr Martins, levou uma camisa e uma Bola de Prata para Pelé comemorar o feito.
Leia, abaixo, o relato da milésima partida do maior jogador de futebol da história,
ocorrida em 26 de janeiro de 1971, e logo a seguir,
como esta camisa comemorativa com o número 1000 à frente foi recuperada 42 anos depois.

Pelé, mil jogos pelos campos do mundo

Oito horas da noite, dia 28 de janeiro de 1971. O Suriname Stadium, com capacidade para 13 mil pessoas e único em Paramaribo, começa a viver os momentos mais importantes em toda sua história. Dentro de alguns minutos Pelé estará começando a jogar sua milésima partida, além de ajudar, com a sua presença, para a queda do índice de mortes por acidente de trânsito na cidade em 70%.

Com o lucro desse jogo os organizadores vão iniciar a construção de um viaduto, perto do mercado, na zona comercial mais movimentada de Paramaribo e onde, no ano passado, houve 104 mortes. Em maio Pelé deve voltar a Paramaribo para inaugurar o viaduto, que terá o seu nome e que, praticamente, acabará com esse problema.

O Transvaal, campeão da cidade, é o primeiro a entrar em campo. Às 8h10, tendo Pelé como capitão, o Santos aparece e ganha mais aplausos.
























Como é um jogo especial, os jogadores não ficam um ao lado do outro: formam um círculo e, no meio dele, fica Pelé. Um por um, os jogadores vão abraçar Pelé. O estádio inteiro, inclusive o primeiro-ministro, o representante da rainha e as demais autoridades de Paramaribo, não pára de gritar o nome de Pelé.

Ele ganha taças e lembranças e, do Brasil, apenas um presente. O primeiro-ministro anuncia que PLACAR vai entregar a Bola de Prata ao atacante. Pelé veste a camisa de PLACAR e posa ao lado dos jogadores do Transvaal.
Todos eles querem ficar com essa camisa, mas Pelé se desculpa,
explicando que vai guardá-la como lembrança da única homenagem do Brasil.



No meio de toda essa festa, Pelé não esquece de pedir ao governador e representante da rainha o perdão para os jogadores punidos pela Federação. Um deles, Grootfaan, estava até proibido de jogar futebol, pois ameaçara o juiz de agressão. Alguns minutos depois o governador anuncia que todos estão perdoados e o público aplaude.

No estádio um torcedor está bastante nervoso. Ele é Marius Pinas, um crioulo de cinqüenta anos, oito filhos e que é chamado de "Pinas Pelé" por seus amigos, tão grande é a sua admiração pelo brasileiro. Marius tirou três dias de licença da firma onde trabalha "para acompanhar Pelé e tirar uma foto ao seu lado". Marius queria até pedir a Pelé que passasse por cima dele, antes de pisar em solo do Suriname.
Como ele, o restante do estádio está impaciente. São 31 minutos e Pelé não fez o seu gol.

Mas nesse momento, Edu, depois de driblar vários adversários, é derrubado na área. O juiz ainda fica em dúvida, mas o bandeirinha confirma que foi dentro da área. É o bastante para o estádio todo começar a gritar "Pelé, Pelé". Com calma, ele caminha para a marca de pênalti. Trinta e dois minutos: o juiz Schakot apita, Pelé corre para a bola, dá a paradinha, chuta no canto direito e o goleiro Baron cai para o esquerdo. Depois, com a mesma tranqüilidade, caminha para o meio.

O público se entusiasma, pede outro gol a Pelé. O Rei começa a correr com maior disposição e o público fica triste: ele vai para o vestiário, dando lugar a Marçal.

26/1/71 SURINAME ST. (PARAMARIBO)
TRANSVAAL 1 X 4 SANTOS
J: Schakot; G: Árlem 7 e Reumel 14 do 1º tempo; Edu 7, Pelé (pênalti) 35 e Edu 42 do 2º tempo.

SANTOS: Cejas, Lima, Ramos Delgado, Orlando e Turcão; Leo e Pitico; Árlem, Douglas, Pelé e Edu. T: Antoninho
TRANSVAAL: Baronm, Norlan, Gesser, Sordan e Boschman; Klimpsop, Lagadu e Bundel; Van Bur, Schal e Bramerloo (Sing).

A história da camisa nº 1000, que 42 anos depois, voltou à Placar
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