O próprio Rei concorda que este foi o seu gol mais bonito.
Como o incrível gol de Pelé não foi filmado
e apenas existem fotografias do final da jogada genial,
o que temos a fazer é ouvir as histórias de quem estava no
Estádio Conde Rodolfo Crespi* naquela tarde do dia 2 de agosto de 1959,
e que foi testemunha ocular daquela obra-prima no jogo entre o
Clube Atlético Juventus e o Santos Futebol Clube...e ficarmos admirados...
e com um pouquinho de inveja:-)
*(mais conhecido como Estádio da Rua Javari
no tradicional bairro da Mooca na cidade de São Paulo),
Trazemos os depoimentos do goleiro que levou o gol mais bonito de Pelé, o goleiro do Juventus naquele dia, Durval de Moraes, cujo apelido era "Mão de Onça*"(foto ao lado)... *Onça para quem não mora no Brasil, é uma espécie de jaguar que vive nas florestas brasileiras, e Durval de Moraes tinha este nickname (ou apelido) porque segundo ele próprio, era um goleiro muito ágil e rápido com as mãos...como um jaguar...ou onça:-)
Por Márcio Mará Rio de Janeiro para o Globoesporte
Por onde passa, Durval de Moraes é obrigado a contar a mesma história há 51 anos. O hoje seguidor da religião das Testemunhas de Jeová virou lenda no dia 2 de agosto de 1959. Nos tempos em que era apenas o goleiro Mão de Onça, do Juventus, foi a "vítima" da obra de arte mais perfeita de Pelé, segundo o próprio Atleta do Século 20 e a maioria das 10 mil pessoas presentes no Estádio da Rua Javari. O gol em que o Rei dá quatro chapéus (lob em inglês) e cabeceia a bola antes de estufar a rede na goleada do Santos por 4 a 0 só tem registro fotográfico. Mas o gol não sai da cabeça do viúvo de 79 anos, pai de nove filhos, avô de 17 netos, bisavô de 10 bisnetos.
- Pelé fez o gol mais bonito da sua carreira contra mim, e nunca mais vi um gol mais bonito que aquele até hoje. Não dá para comparar com qualquer outro gol. Maradona ou Messi jamais vão fazer gol igual àquele... Achei mais parecido com o gol do Alex, quando Alex jogava no Palmeiras (veja no vídeo abaixo).
Mão de Onça nos tempos em que defendia o gol do Juventus: boas recordações |
Da mesma forma que lembrou a jogada feita pelo meio-campo Alex, hoje no Coritiba, na vitória do Palmeiras sobre o São Paulo por 4 a 2, pelo Torneio Rio-São Paulo de 2002, Mão de Onça não esquece até hoje os detalhes do golaço do Rei. Aos 36 minutos do segundo tempo, o Santos já vencia por 3 a 0 quando Jair lançou Dorval pela direita. Perto da grande área, ele cruzou para Pelé, que vinha correndo em velocidade. O primeiro a levar chapéu foi Julinho. Depois foi Homero, Clóvis e, por último, Mão de Onça. Estava pronta a obra-prima com quatro chapéus e, segundo Mão de Onça, duas embaixadinhas de cabeça antes de cabecear para o fundo da rede, ao contrário da reconstituição do lance feita no filme "Pelé Eterno".
- Antes da linha do meio-campo, o Pelé já saiu correndo rápido. Eu gritei para o Julinho:
"Olha o Cão, atenção!". Eu costumava chamar o Pelé de Cão...
Pensei que o Julinho ia cortar o lance com a cabeça, mas o Pelé dominou no peito, tirou a bola, já o encobriu... Depois foram os outros. Fiquei por último... Quando eu levantei, com a bola lá dentro da baliza, o Rei estava comemorando, aquela gritaria toda no estádio, e o Clóvis estava debaixo da baliza. Se jogou lá, tentando tirar a bola.
Olhei para ele e disse: "Como é que pode esse sujeito marcar um gol assim, dessa maneira?"
Ele me respondeu: "Esse aí é o diabo em forma de gente!".
O Julinho ainda falou: "A bola estava no meu peito. Quando vi, ela havia sumido!" - disse o ex-goleiro, por telefone.
"Olha o Cão, atenção!". Eu costumava chamar o Pelé de Cão...
Pensei que o Julinho ia cortar o lance com a cabeça, mas o Pelé dominou no peito, tirou a bola, já o encobriu... Depois foram os outros. Fiquei por último... Quando eu levantei, com a bola lá dentro da baliza, o Rei estava comemorando, aquela gritaria toda no estádio, e o Clóvis estava debaixo da baliza. Se jogou lá, tentando tirar a bola.
Olhei para ele e disse: "Como é que pode esse sujeito marcar um gol assim, dessa maneira?"
Ele me respondeu: "Esse aí é o diabo em forma de gente!".
O Julinho ainda falou: "A bola estava no meu peito. Quando vi, ela havia sumido!" - disse o ex-goleiro, por telefone.
Durval de Moraes, o Mão de Onça, com Agnes Dias, segundo ele, sua "neta espiritual", no Congresso das Testemunhas de Jeová. Ex-goleiro do Juventus está hoje com 79 anos |
Na época, aquele dinheiro dos prêmios de jogo fez falta para Mão de Onça, que jogou até os 37 anos de idade. Hoje, o ex-goleiro vive da aposentadoria depois de ter trabalhando numa firma de dedetização e como servente na Universidade de São Paulo. Com três casas alugadas em Itu, vive no Grajaú, em São Paulo. Quando está com "a grande família espiritual", nas Testemunhas de Jeová, Durval de Moraes vira e mexe é alvo das gozações dos mais jovens quando fala sobre os duelos com o Rei Pelé. Tudo com o maior respeito.
- É bom sempre ser lembrado. Os fãs santistas na Igreja fazem muitas gozações comigo, e eu conto para eles as histórias. Acho engraçado hoje quando comparam alguns jogadores com o Pelé. As pessoas falam essas coisas porque as pessoas nunca jogaram contra Pelé. Você já viu algum jogador fazer tabela com a perna do adversário? Pois é, Pelé fazia...
Massagista Elias Pássaro,
o funcionário mais antigo do Juventus, conta em vídeo como foi a obra-prima do Rei Pelé
Reportagem da ESPN do Brasil
Para ver o vídeo, falado em português, clique AQUI
E no vídeo abaixo,
o gol mais bonito recriado através de computador especialmente para o filme PELÉ ETERNO
1 comentários:
Sensacional esse post, RBN. :)
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