FILME PELÉ ETERNO

FILME PELÉ ETERNO
A prova definitiva de quem é o melhor jogador de sempre

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

EM 7 DE SETEMBRO DE 1956, HÁ 60 ANOS ATRÁS, PELÉ MARCOU O 1º GOL DA SUA CARREIRA

Pelé aos 15 anos de idade marcou o 1º gol como jogador profissional. Desenho de MÁRIO ALBERTO.

E lá se vão 60 anos daquele 7 de Setembro de 1956 ( ver AQUI). 

Muito, mas muito antes de o placar de 7 a 1 deixar no brasileiro um sabor de piada amarga, esse mesmo número, essa mesma diferença de gols, essa mesma goleada entrava para a história como o começo de dias de glória para o futebol brasileiro. A partir do momento em que o árbitro Abílio Ramos autorizava, aos 30 minutos do segundo tempo, a entrada de um menino de 15 anos no time do Santos para substituir o craque Del Vecchio, começaria a contagem regressiva para o surgimento de um rei.

Pelé, o 3º da esquerda para a direita na fila de baixo, com 15 anos estreiou no time principal do Santos FC

Saiu Del Vecchio para entrar *Gasolina ( *alcunha de Pelé na época)? A correria vai acabar, Zito! E que rapaz é esse tal de Gasolina? perguntou o meio-campista Schank para o companheiro do Corinthians de Santo André, aliviado pela saída do astro santista, autor de dois gols na parcial vitória por 5 a 0 no amistoso em comemoração ao Dia da Independência.

O que Schank não sabia, o que Zito (do Corinthians de Santo André, não o craque santista) não suspeitava, o que o árbitro Abílio Ramos sequer imaginava, muito menos o goleiro Zaluar e o público presente ao estádio Américo Guazelli, é que aquele tal de Gasolina… magrinho, jeito quietinho, na dele, agitaria aquele jogo, o futebol, o mundo a partir dali. Bastaram seis minutos em campo para o Gasolina, como era mais conhecido e chegou a ser anunciado pelo alto-falante, virar o Pelé. E bastaram seis minutos para Schank se transformar na primeira vítima e personagem de uma das três versões contadas para o primeiro gol dos 1.281 celebrados pelo Rei do Futebol.
O primeiro gol de Pelé tem três versões diferentes contadas por 
Schank, Raimundinho e o goleiro Zaluar.

Schank, vítima do drible

Ao longo de uma carreira marcada pelas três Copas do Mundo conquistadas (1958, 1962 e 1970), o bicampeonato mundial pelo Santos, as duas Libertadores, os inúmeros títulos nacionais e regionais, as incontáveis e insuperáveis jogadas de cinema, Pelé virou mito, e esse primeiro gol entrou para a eternidade. Conta aí a sua versão, Schank:
Schank diz que levou drible (Foto: Arquivo pessoal)

– A bola veio da defesa, uma cabeçada ou um chute forte do Hélvio, zagueiro do Santos. Eu lembro bem porque eu estava marcando o Pelé,. eu era o meio-campista mais recuado. Ele pegou a bola no meio de campo e me driblou como quis. Depois passou pelo Zito, e olha que passar pelo Zito não era nada fácil… Aí veio mais um, o Dati… Ele chegou no Zaluar, o goleiro que tinha entrado e era muito bom, e tocou por baixo das pernas dele. Olhei pra cara do Zito e falei logo: “Aumentou a correria! Que garoto é esse Gasolina?” Nunca poderíamos imaginar que aquele menino se tornaria o Pelé, o cara que um dia ia parar uma guerra na África. Sabe o Robinho quando começou? Era como ele, magrinho, perna fininha, rápido… – deu a sua versão o todo orgulhoso Schank, hoje com 81 anos.


Schank, que ao pendurar as chuteiras virou dirigente e após passou a dar aulas em escolinhas, hoje já tirou o pé do acelerador e vive com mais tranquilidade. Fez questão de dizer: não quer, absolutamente, desmentir as outras versões. Contou o que lembra do lance. A bola teria sobrado para Pelé no meio-campo após uma cabeçada (ou chutão) do defensor Hélvio.


Versão diferente da narrada pelo meia Raimundinho, ( na foto à esquerda com Pelé) do Santos. Ele, por sinal, também entrara no segundo tempo.

Raimundinho faleceu em 2007, mas antes, em entrevista ao GloboEsporte.com, ao repórter Adílson Barros, em 2006, contou que o gol surgiu após tabelinha entre ele e Tite, outro atacante santista. Raimundinho tocou para Pelé, que dominou entre os zagueiros e bateu por baixo de Zaluar.

Ele ficou tão emocionado com aquele momento que queria abraçar todo mundo – lembrou à época Raimundinho, considerado o autor do passe decisivo.

Face e corpo de menino, 
Pelé tinha 15 anos quando marcou o primeiro gol pelo Santos FC.
(Foto: Reprodução / twitter)


A terceira versão para o gol de Pelé foi do goleiro Zaluar, na foto abaixo. 
E até ele entrou no segundo tempo, no lugar de Antoninho, que já não era o titular. Falecido em 1995, contou para o site Paixão Canarinha, em 1972, que Pelé recebera passe de Jair Rosa Pinto, famoso craque dos anos 1940 e 1950, ex-Vasco, Flamengo e Palmeiras, e não de Raimundinho. O goleiro afirmou ainda ter gritado para o zagueiro Mário, mas Pelé foi mais rápido, aplicou um chapéu em um dos marcadores e, cara a cara, tocou entre suas pernas.

Eu tinha condições de defender aquela bola. Quando o Jair lançou o rapaz, gritei para fazerem a cobertura. Poderia ter entrado duro mas não tive coragem quando vi as canelas finas do menino. Pelé balançou o corpo para a direita, para a esquerda… Quando percebi, já tinha tocado a bola no meio de minhas pernas – afirmou para o site Paixão Canarinha.

O lance abriu o caminho para a trajetória do Rei e tornou Zaluar conhecido. Depois que encerrou a carreira, ele se tornou fiscal de vendas da Prefeitura de Santo André. E se apresentava com um cartão profissional em que se intitulava o primeiro goleiro a sofrer gol de Pelé. A vibração com o feito o levou a fazer uma camisa com as inscrições “Goleiro Rei Pelé 0001” que usava no time de veteranos do Aramaçan. 

E o grito de independência do primeiro gol de Pelé, ecoando em três versões, chega à sua terceira idade.



Ficha do jogo:

Corinthians de Santo André 1 x 7 Santos
Data: 7 de setembro de 1956
Local: Estádio Américo Guazelli (Santo André-SP)
Juiz: Abílio Ramos
Corinthians F. C. de Santo André: Antoninho (Zaluar), Bugre (Mario) e Chicão (Dati); Mendes, Zito e Tonico; Vilmar, Cica e Teleco (Odilio); Rubens e Doré.
Técnico: Jaú.
Santos: Manga, Hélvio e Ivan (Cássio); Ramiro (Fioti), Urubatão e
Zito (Feijó); Alfredinho, Alvaro (Raimundinho) e Del Vecchio (Pelé);
Jair e Tite.
Técnico: Lula.
Gols: Alfredinho aos 28, Álvaro aos 30, Del Vecchio aos 34 e Alfredinho
aos 41 do 1º T, Del Vecchio aos 15, Pelé aos 36, Wilmar (Corinthians)
aos 41 e Jair aos 44 do 2º T.

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