Ainda sobre o filme Fuga para a Vitória,
estrelado por Pelé, Sylvester Stallone, Michael Caine entre outros(foto acima),
vale a pena conhecer a comovente história verídica do FC Start,
o time de futebol que inspirou o consagrado diretor John Huston a fazer o filme em 1982.
Leia abaixo a história destes verdadeiros heróis...vale a pena ler...
e vale a pena divulgar esta história...
Magistral texto de M, do blog laemcasamandoeu.blogspot.pt
(com algumas adaptações ao português do Brasil, tipo goleiro=guarda-redes, nazi=nazista).
Várias, várias vezes, perguntam-me, com um ar superior, como é possível eu gostar tanto de futebol. Alguns, atiram com o (fraco) argumento de que se trata do ópio do povo e de que eu contribuo para isso.
Há pessoas que não percebem que o jogo não são só milionários tatuados que dizem alarvidades em frente às câmaras. É muito dificil explicar que há mais poesia no pé esquerdo de um Pelé, de um Messi, de um Zidane do que no mundo inteiro, mas há.
E que há uma magia envolvente, um sem número de histórias, de lendas.
É que no futebol, além de se sonhar, resiste-se. Os fracos derrotam os fortes. Os clubes dos ricos, do poder, perdem. E nas arquibancadas já se gritou muitas vezes pela liberdade.
O quadro é de miséria, desemprego, fome, assassinatos consecutivos.
Um dia, Kordik, padeiro ucraniano com ascendência alemã – que o poupou à morte – está a andar em Kiev e vê o goleiro da sua equipa: Trusevych. Fanático pelo Dínamo de Kiev, contrata Trusevych para a sua padaria. Mas Kordik não quer o seu goleiro a fazer pão, Kordik, em plena II Guerra Mundial, enquanto as maiores atrocidades acontecem à sua volta, tem outro plano: ver o seu Dínamo junto outra vez.
Começa assim a “caça” dos jogadores. Trusevych encontra sucessivamente vários companheiros de equipa (8 ao todo) e com mais 3 jogadores do Lokomotiv de Kiev forma-se o FC Start (Start em inglês significa começo, e o nome Dínamo estava proibido).
Uma padaria é, de repente, o abrigo de uma equipa de futebol.
Hitler e os nazistas têm várias obsessões, uma delas a demonstração da superioridade nazista no desporto, sendo os torneios de futebol frequentes.
Após alguma discussão, os jogadores do FC Start decidem jogar contra os nazistas.
e vale a pena divulgar esta história...
Esta é uma das 2 únicas fotos do FC Start |
(com algumas adaptações ao português do Brasil, tipo goleiro=guarda-redes, nazi=nazista).
Várias, várias vezes, perguntam-me, com um ar superior, como é possível eu gostar tanto de futebol. Alguns, atiram com o (fraco) argumento de que se trata do ópio do povo e de que eu contribuo para isso.
Há pessoas que não percebem que o jogo não são só milionários tatuados que dizem alarvidades em frente às câmaras. É muito dificil explicar que há mais poesia no pé esquerdo de um Pelé, de um Messi, de um Zidane do que no mundo inteiro, mas há.
E que há uma magia envolvente, um sem número de histórias, de lendas.
É que no futebol, além de se sonhar, resiste-se. Os fracos derrotam os fortes. Os clubes dos ricos, do poder, perdem. E nas arquibancadas já se gritou muitas vezes pela liberdade.
(Mariano Amaro e José Simões, jogadores portugueses num Portugal x Espanha durante a Guerra Civil Espanhola que ao, ao invés de fazerem a saudação fascista, cerraram o punho)
Venho então falar do FC Start, uma equipa cuja coragem não terá ainda paralelo, e que representa, mais do que tudo, como onze homens podem, com uma bola, mudar o mundo.
Estamos em Junho de 1941 e os nazistas invadem a URSS,
ganhando a cidade de Kiev aos soviéticos.
O quadro é de miséria, desemprego, fome, assassinatos consecutivos.
Um dia, Kordik, padeiro ucraniano com ascendência alemã – que o poupou à morte – está a andar em Kiev e vê o goleiro da sua equipa: Trusevych. Fanático pelo Dínamo de Kiev, contrata Trusevych para a sua padaria. Mas Kordik não quer o seu goleiro a fazer pão, Kordik, em plena II Guerra Mundial, enquanto as maiores atrocidades acontecem à sua volta, tem outro plano: ver o seu Dínamo junto outra vez.
Começa assim a “caça” dos jogadores. Trusevych encontra sucessivamente vários companheiros de equipa (8 ao todo) e com mais 3 jogadores do Lokomotiv de Kiev forma-se o FC Start (Start em inglês significa começo, e o nome Dínamo estava proibido).
Uma padaria é, de repente, o abrigo de uma equipa de futebol.
Hitler e os nazistas têm várias obsessões, uma delas a demonstração da superioridade nazista no desporto, sendo os torneios de futebol frequentes.
Após alguma discussão, os jogadores do FC Start decidem jogar contra os nazistas.
Em Junho de 1942, enfrentam os primeiros adversários.
E mesmo subnutridos, com fome vencem por 7 x 2. Seguem-se outros, sempre com vitórias. A população local tem, finalmente, ídolos.
Com a Resistência desfeita, num país atormentado pelos acontecimentos de Babi Yar,
uma ravina que serviu de vala a mais de 30 mil judeus executados num só dia (!) pelos nazistas, há, finalmente, alguém que derrota o mal, alguém que permite a libertação dos gritos contra a desumanidade e carnificina.
Os nazistas tornam os bilhetes mais caros para afastar a população, mas o FC Start já é a equipe da população. Os adversários são batidos um de cada vez,
até chegar a Flakelf, a equipe – propaganda dos nazistas
(antes deste jogo, o placar global a favor do FC Start era de 47 x 8 em todos os jogos disputados até ali).
Apesar do árbitro alemão, da pancadaria e de tudo permitido ao time nazista,
o FC Start vence por 5 x 1. A manobra de Kordik é descoberta e de Berlim pede-se a execução do padeiro e toda a equipa. Mas para Hitler e para os oficiais nazistas, a superioridade ariana é mais importante e marca-se outro jogo para 3 dias depois.
A 9 de Agosto de 1942, joga-se o segundo jogo entre a Flakelf e o FC Start.
O árbitro é um oficial das SS e o ambiente altamente policiado.
Antes do jogo, o árbitro visita o balneário do FC Start e lembra-lhes que devem seguir as regras nazistas e deixa o aviso: se ganharem, morrerão.
Não faço ideia do que se passou na cabeça daqueles jogadores e é quase insultuoso que o tente. Pessoas a quem tudo foi retirado: emprego, casa, amigos e família, têm no futebol, na hora e meia de jogo, as suas vidas – e a de tantos outros ucranianos – de volta. A dignidade, a liberdade, os seus empregos, casa, amigos e família, são lembrados em cada passe, em cada jogada, em cada golo, em cada vitória.
Quando festejava os gols do FC Start,
a população ganhava a guerra, arrasava a propaganda nazista.
E esses homens, que não foram intelectuais, não escreveram livros, eram só homens, como nós (mas sem ser como nós) decidiram jogar.
E mesmo subnutridos, com fome vencem por 7 x 2. Seguem-se outros, sempre com vitórias. A população local tem, finalmente, ídolos.
Com a Resistência desfeita, num país atormentado pelos acontecimentos de Babi Yar,
Ravina de Babi Yar |
Os nazistas tornam os bilhetes mais caros para afastar a população, mas o FC Start já é a equipe da população. Os adversários são batidos um de cada vez,
até chegar a Flakelf, a equipe – propaganda dos nazistas
(antes deste jogo, o placar global a favor do FC Start era de 47 x 8 em todos os jogos disputados até ali).
Apesar do árbitro alemão, da pancadaria e de tudo permitido ao time nazista,
o FC Start vence por 5 x 1. A manobra de Kordik é descoberta e de Berlim pede-se a execução do padeiro e toda a equipa. Mas para Hitler e para os oficiais nazistas, a superioridade ariana é mais importante e marca-se outro jogo para 3 dias depois.
A 9 de Agosto de 1942, joga-se o segundo jogo entre a Flakelf e o FC Start.
O árbitro é um oficial das SS e o ambiente altamente policiado.
Antes do jogo, o árbitro visita o balneário do FC Start e lembra-lhes que devem seguir as regras nazistas e deixa o aviso: se ganharem, morrerão.
Não faço ideia do que se passou na cabeça daqueles jogadores e é quase insultuoso que o tente. Pessoas a quem tudo foi retirado: emprego, casa, amigos e família, têm no futebol, na hora e meia de jogo, as suas vidas – e a de tantos outros ucranianos – de volta. A dignidade, a liberdade, os seus empregos, casa, amigos e família, são lembrados em cada passe, em cada jogada, em cada golo, em cada vitória.
Quando festejava os gols do FC Start,
a população ganhava a guerra, arrasava a propaganda nazista.
E esses homens, que não foram intelectuais, não escreveram livros, eram só homens, como nós (mas sem ser como nós) decidiram jogar.
Decidiram que não cederiam.
Na apresentação das equipas, recusam a saudação nazista.
Com a mão no peito, gritam "Fizculthura!", uma expressão soviética em prol da educação e cultura física. Está dado o mote para o escândalo.
Apesar das benesses e da "cegueira" do árbitro a favor do time nazista (como esperado, o oficial da SS ignorava completamente as faltas do time nazista. A violência do time alemão chegou ao ponto do atacante chutar a cabeça de Trusevych, o goleiro ucraniano. Enquando ainda se recuperava do golpe, os alemães abriram o placar. 1 a 0.O Flakelf continuava a fazer todo tipo de falta sem nenhuma marcação do árbitro. Mas o FC Start conseguiu o empate. Veio em uma falta cobrada de longa distância por Kuzmenko. A virada veio com Goncharenko, que driblou toda a zaga alemã e fez o gol. Os ucranianos ainda fizeram mais um gol), o FC Start chega ao intervalo a vencer por 3 x 1, espalhando o delírio nas arquibancadas.
Ao intervalo, nazistas armados dizem-lhes que devem, que têm que perder.
Mas estão 36 mil a torcer pelo FC Start, morreram 33 mil em Babi Yar, e aqueles nazistas invadiram as suas casas, as suas vidas.
E aqueles onze homens decidem jogar.
O jogo acaba 5 x 3 para o FC Start com a humilhação final de Klimenko.
Isolado frente a frente com o goleiro nazista, finta-o, e de baliza aberta, quando todo mundo esperava mais um gol, decide passar a bola para o meio campo outra vez.
A humilhação é total, o estádio vem abaixo.
Eu já festejei muitos gols do meu clube, fico vermelho, sem respirar, grito e sinto-me vivo.
Mas o que Klimenko fez deve ter feito chorar, deve ter feito viver. Destroçados pela guerra, sujeitos a tortura, obrigados a sentirem-se racialmente inferiores, não imagino a alegria, os arrepios, a felicidade dos adeptos que viram o FC Start.
Não imagino o orgulho que esses homens sentiram com aquelas camisolas, não imagino, não consigo imaginar.
Tempos depois, a Gestapo foi à padaria. Kordik foi torturado e assassinado à frente de todos. Só Goncharenko e Sviridovsky(em algumas versões desta história, houveram 3 sobreviventes:os dois citados e Tyutchev), que não estavam na padaria naquele dia, sobreviveram até à libertação de Kiev em 1943.
Todos os outros foram deportados para campos de concentração. Trusevich, Klimenko e Putistin foram mortos em Babi Yar. Há um monumento em frente ao estádio do Dínamo que honra os heróis do FC Start. Nele está escrito:
“Aos jogadores que morreram com a cabeça levantada ante o invasor nazista”.
Na apresentação das equipas, recusam a saudação nazista.
Com a mão no peito, gritam "Fizculthura!", uma expressão soviética em prol da educação e cultura física. Está dado o mote para o escândalo.
Apesar das benesses e da "cegueira" do árbitro a favor do time nazista (como esperado, o oficial da SS ignorava completamente as faltas do time nazista. A violência do time alemão chegou ao ponto do atacante chutar a cabeça de Trusevych, o goleiro ucraniano. Enquando ainda se recuperava do golpe, os alemães abriram o placar. 1 a 0.O Flakelf continuava a fazer todo tipo de falta sem nenhuma marcação do árbitro. Mas o FC Start conseguiu o empate. Veio em uma falta cobrada de longa distância por Kuzmenko. A virada veio com Goncharenko, que driblou toda a zaga alemã e fez o gol. Os ucranianos ainda fizeram mais um gol), o FC Start chega ao intervalo a vencer por 3 x 1, espalhando o delírio nas arquibancadas.
Ao intervalo, nazistas armados dizem-lhes que devem, que têm que perder.
Mas estão 36 mil a torcer pelo FC Start, morreram 33 mil em Babi Yar, e aqueles nazistas invadiram as suas casas, as suas vidas.
E aqueles onze homens decidem jogar.
O jogo acaba 5 x 3 para o FC Start com a humilhação final de Klimenko.
Isolado frente a frente com o goleiro nazista, finta-o, e de baliza aberta, quando todo mundo esperava mais um gol, decide passar a bola para o meio campo outra vez.
A humilhação é total, o estádio vem abaixo.
Eu já festejei muitos gols do meu clube, fico vermelho, sem respirar, grito e sinto-me vivo.
Mas o que Klimenko fez deve ter feito chorar, deve ter feito viver. Destroçados pela guerra, sujeitos a tortura, obrigados a sentirem-se racialmente inferiores, não imagino a alegria, os arrepios, a felicidade dos adeptos que viram o FC Start.
Não imagino o orgulho que esses homens sentiram com aquelas camisolas, não imagino, não consigo imaginar.
Tempos depois, a Gestapo foi à padaria. Kordik foi torturado e assassinado à frente de todos. Só Goncharenko e Sviridovsky(em algumas versões desta história, houveram 3 sobreviventes:os dois citados e Tyutchev), que não estavam na padaria naquele dia, sobreviveram até à libertação de Kiev em 1943.
Goncharenko e Sviridovsky, em frente ao monumento erguido em honra dos seus colegas do FC Start |
“Aos jogadores que morreram com a cabeça levantada ante o invasor nazista”.
E ainda hoje quem tem o bilhete daquele jogo tem entrada gratuita no estádio.
Não existirá, decerto, maior acto de coragem na história do futebol mundial. Toda a magia, toda a aura que o jogo carrega está simbolizada neste jogo. Toda a beleza, toda a coragem, está tudo ali.
A bola de Klimenko, que eu nunca vi, mas que construo vezes sem conta na minha memória, é mais arrepiante do que poemas ou canções. Deve ter sido como ver uma revolução.
Imagino um qualquer ucraniano a sair do estádio e a olhar, pela primeira vez, um soldado nazista olhos nos olhos e de sorriso nos lábios.
O futebol não é só o ópio do povo. É também o suspiro do oprimido.
Todos os jogos do FC Start
21 de junho – FC Start 6×2 Guarnição húngara
05 de julho – FC Start 11×0 Guarnição romena
12 de julho – FC Start 9×1 Militares do batalhão ferroviário
17 de julho – FC Start 6×0 Exército da Wehrmacht
19 de julho – FC Start 5×1 MSG (Exército Húngaro de Ocupação)
21 de julho – FC Start 3×2 MSG (Exército Húngaro de Ocupação)
06 de agosto – FC Start 5×1 Flakelf (Exército Alemão, até então invicto)
09 de agosto – FC Start 5×3 Flakelf – 36 mil ucranianos no estádio
16 de agosto – FC Start 8×0 Rukh – Último jogo do time.
Texto original do M AQUI
Mais textos excelentes sobre esta história que valem a pena ler AQUI , AQUIe AQUI
Uma reportagem em espanhol muito mais detalhada AQUI (usar o GOOGLE TRADUTOR)
Adenda: Se voce ainda nos dias de hoje não sabe o que foi o nazismo de Hitler,
não só na Ucrânia mostrado neste post, mas em todos os lugares aos quais invadiu e
literalmente espalhou ódio, morte e destruição, clique AQUI mas fica o AVISO:
as fotos são repugnantes, revoltantes.
A última foto é o retrato fiel do nazismo de Hitler (sim, seus olhos não estão te enganando, é mesmo uma mãe com o filho pequeno nos braços).
A reportagem da ESPN em vídeo
Não existirá, decerto, maior acto de coragem na história do futebol mundial. Toda a magia, toda a aura que o jogo carrega está simbolizada neste jogo. Toda a beleza, toda a coragem, está tudo ali.
A bola de Klimenko, que eu nunca vi, mas que construo vezes sem conta na minha memória, é mais arrepiante do que poemas ou canções. Deve ter sido como ver uma revolução.
Imagino um qualquer ucraniano a sair do estádio e a olhar, pela primeira vez, um soldado nazista olhos nos olhos e de sorriso nos lábios.
O futebol não é só o ópio do povo. É também o suspiro do oprimido.
Esta é a outra foto |
Todos os jogos do FC Start
21 de junho – FC Start 6×2 Guarnição húngara
05 de julho – FC Start 11×0 Guarnição romena
12 de julho – FC Start 9×1 Militares do batalhão ferroviário
17 de julho – FC Start 6×0 Exército da Wehrmacht
19 de julho – FC Start 5×1 MSG (Exército Húngaro de Ocupação)
21 de julho – FC Start 3×2 MSG (Exército Húngaro de Ocupação)
06 de agosto – FC Start 5×1 Flakelf (Exército Alemão, até então invicto)
09 de agosto – FC Start 5×3 Flakelf – 36 mil ucranianos no estádio
16 de agosto – FC Start 8×0 Rukh – Último jogo do time.
Texto original do M AQUI
Mais textos excelentes sobre esta história que valem a pena ler AQUI , AQUIe AQUI
Uma reportagem em espanhol muito mais detalhada AQUI (usar o GOOGLE TRADUTOR)
Adenda: Se voce ainda nos dias de hoje não sabe o que foi o nazismo de Hitler,
não só na Ucrânia mostrado neste post, mas em todos os lugares aos quais invadiu e
literalmente espalhou ódio, morte e destruição, clique AQUI mas fica o AVISO:
as fotos são repugnantes, revoltantes.
A última foto é o retrato fiel do nazismo de Hitler (sim, seus olhos não estão te enganando, é mesmo uma mãe com o filho pequeno nos braços).
A reportagem da ESPN em vídeo