FILME PELÉ ETERNO

FILME PELÉ ETERNO
A prova definitiva de quem é o melhor jogador de sempre

segunda-feira, 25 de abril de 2022

1972 - 📰Revista "MANCHETE" | Reportagem sobre o 📕 livro "Aprenda com PELÉ"⚽

📕⚽ APRENDA COM PELÉ
Em 2 de setembro de 1972, a revista "Manchete" publicou 4 páginas sobre o livro "Aprenda com Pelé", onde o Rei explica alguns dos seus muitos "segredos". 

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Nas letras em branco acima à direita o texto diz:
 O drible, a bicicleta, os diversos tipos de passe - de curva, de cobertura, de emergência, pelo radar - a cobrança de faltas e de pênaltys, enfim, todos os segredos do futebol são revelados pelo maior craque de todos os tempos em "APRENDA COM PELÉ", livro que pretende lançar em outubro. Ao longo de 300 páginas, com explicações detalhadas e muitas ilustrações, Pelé prova que futebol também se aprende no colégio - pelo menos quando é ele o professor.




👉Para facilitar a leitura dos leitores que não percebem a língua portuguesa, eu dividi o texto das páginas acimas em cores. Usem o google tradutor.
O texto destacado em amarelo diz:
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Era uma idéia antiga de Pelé. Há muito tempo o craque pensava em escrever um livro sobre futebol, no qual transmitisse aos outros toda a sua técnica, os pequenos e fundamentais segredos que fazem um verdadeiro craque e o distinguem de um perna-de-pau (jogador mediano).

Os segredos de um chute perfeito, de um passe na medida certa, da cobrança de um penalty ou de uma falta fora da área. A idéia agora se concretizou. Nas horas de folga, durante as excursões do Santos FC, Pelé e o preparador físico Júlio Mazzei prepararam um livro de 300 páginas, que consegue ser ao mesmo tempo uma cartilha e um compêndio universitário sobre a arte de jogar futebol.

Em "Aprenda com Pelé" - excessivamente detalhado e com ilustrações de todos os movimentos descritos - o jogador passa em revista todos os movimentos básicos do futebol, como o controle de bola, o amortecimento, o chute, o cabeceio, o drible, o passe. O Professor Júlio Mazzei, que sistematizou o livro, distribuindo os assuntos pela ordem de importância, também faz um apanhado geral de como deve ser um perfeito jogador de futebol, sempre apoiado no exemplo de Pelé.

Sobre o controle de bola, Pelé afirma que, antes de tudo, é preciso haver uma ligação quase sentimental com a bola. "Trate-a com carinho, como se ela fosse muita querida". Em seguida, explica como dominá-la. É necessário que o corpo mantenha o equilíbrio, inclinado para a frente, no que será auxiliado pela posição dos braços, levantados lateralmente à altura dos ombros, mas em completo relaxamento muscular para acompanhar a flexão dos joelhos. Porém, o mais importante nesse mecanismo de controle e a flexibilidade do tornozelo do pé que impulsiona a bola.

Pelé faz uma advertência. O olhar deve estar fixo na bola, como que hipnotizado. Ela ( a bola ) é um foco de equilíbrio, que dirigirá todas as mudanças de posições e movimentos. Um desvio de olhar pode implicar na perda do controle de bola. De qualquer modo, o aprendizado exige muito treino. Uma recomendação básica do autor: "Só de aprende aquilo que se pratica e pensando naquilo que está se aprendendo". Outro conceitos para que as lições sejam mais proveitosas: "Quanto maior a repetição, mais rápido é o índice de aprendizagem" e "Nunca se aprende isoladamente".

Mas nem todos têm condições de comprar material esportivo apropriado ou dispõem de campo para treinar. 
"Não é preciso ter local nem material adequado", afirma Pelé. "Pode-se treinar no quintal, na praia ou em solo arenoso". Um bola de couro não é indispensável, Pelé aprendeu muito chutando bola de meia quando era criança.



Dentro das suas possibilidades, tenha o maior contato possível com a bola. "Não deixe que ela fuja do seu raio de ação que é aproximadamente de 2 metros. Quando for necessário, acaricie-a".

Júlio Mazzei no seu prefácio diz: "Faça dela a sua companhia. A melhor amiga de Pelé é a bola. Com ela, ele conseguiu tudo".

No capítulo dos passes, Pelé faz uma breve consideração sobre a importância desse movimento dentro da filosofia do futebol, que é o espírito de equipe. 
O passe é a forma de conduzir a bola do campo defensivo ao campo ofensivo objetivando o gol. Esse processo envolve os 11 jogadores do time.

"Como existe em jogo só uma bola e só quem a tem pode fazer o gol, o passe é uma fórmula de mantê-la com sua equipe. O gol só pode ser feito por quem tem a posse de bola".

Há várias maneiras de fazer um passe
Mas, segundo Pelé, o lançamento com a parte interna do pé é o mais eficiente: a área de contato com a bola torna-se maior, facilitando a exatidão da sua trajetória. 
Mas o autor adverte que, para distâncias mais longas, deve ser usado o dorso do pé, cujo impacto é mais forte na área de resistência da bola, aumentando o seu impulso. 
A face externa do pé pode ser utilizada para lançamentos em diagonal, bem proveitosos se os ponteiros ( wingers) souberem se deslocar.

Pelé apresenta outras variações, que classifica como passe de emergência, feito com o calcanhar, a coxa ou o peito, e o passe por elevação.

O texto na parte destacada em rosa diz:
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Para executar o primeiro ( passe de emergência ), ele aconselha algumas providências: braços na linha do corpo e movimento giratório, feito com o ombro ao contrário à direção de quem receberá a bola. 
No passe por elevação, deve-se interromper bruscamente o impacto, quando o bico da chuteira tocar a parte de baixo da bola parada.

Pelé ainda cita o passe de curva usado para servir um companheiro cercado de adversário - Carlos Alberto Torres é especialista em utilizá-lo - e o passe pelo radar, ou seja, a entrega da bola a um companheiro no campo, de costas para ele, localizando-o apenas pelo seu grito. Pelé é um dos poucos que conseguiu executá-lo com perfeição. É um passe que requer absoluto conhecimento das dimensões do campo e longa convivência com quem joga ao seu lado.

Pelé encerra este capítulo com uma advertência: "Para fazer um passe, veja antes a colocação de seus companheiros antes de receber a bola. Quem passa não é o homem que está com a bola, mas sim, quem vai recebê-la".




O texto destacado em azul diz:
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Ensinando como amortecer a bola, Pelé se detém mais na chamada matada de peito* ( *amortização da bola com o peito )
Deve haver uma inspiração rápida e expiração imediata no ato do impacto. Ao mesmo tempo, lança-se os braços para a frente, dando contorno de concha ao tórax. Os movimentos tanto valem com os pés plantados no chão ou durante o salto.

Na foto à esquerda, Pelé diz que o dorso do pé é melhor para chutes de longa distância
Na foto à direita, Pelé mostra como "matar" a bola com o peito


Cabeceio
Muita vezes, as leis da Física se confundem com as do futebol. Assim acontece na cabeçada. Explicando seu mecanismo, Pelé lembra que aqui são acionadas as leis da impulsão e gravidade. A primeira corresponde à subida do atleta. Quanto maior a força do impacto dos pés no chão, maior será a elevação. Depois, a lei da gravidade predomina. A habilidade do cabeceador localiza-se exatamente na sua sensibilidade de perceber o momento em que as duas forças se equilibram. Surge aquela paradinha no ar e se o jogador baixar os braços rapidamente, ganhará alguns centímetros sobre o impulso inicial.

Pelé era exímio cabeceador e tinha uma impulsão vertical de 48 polegadas

O cabeceio exige olhos abertos, para acompanhar a trajetória da bola e boca fechada, para evitar acidentes comuns como cortes na língua. De preferência, a cabeçada deve ser dada com a testa, pois a área de impacto é maior e o golpe será mais potente. "É incrível como muitas pessoas não sabem cabecear no nosso futebol, por essa falta de treinamento" - lamenta Pelé. Essa falta de cabeceadores provoca um problema paralelo: como os goleiros são pouco acionados nesse detalhe, não aprendem a sair do gol. E aí estaria o principal defeito dos goleiros brasileiros.


Pelé mostra a importância do chute e do drible. 
E, quanto à cobrança de faltas (free-kick ). volta a insistir na necessidade de um treinamento metódico e permanente. Uma cobrança de falta exige certa malícia do jogador. Se, por exemplo, a falta for do lado esquerdo da área, deve ser chutada com o pé direito e vice-versa. 
Pelé recomenda uma exame das bandeirinhas de corner ou das bandeiras do estádio para se conhecer a direção do vento.

Chama também a atenção dos goleiros. "Há árbitros que não autorizam a cobrança de falta pelo apito, mas sim com um sinal de mão. Isso é comum na Europa e pode apanhar o goleiro desprevenido"

Ele sugere que o chutador explore ao máximo o medo dos homens da barreira.
O chute de Pelé, por exemplo, a 20 metros da baliza sai numa velocidade de 100km/h e demora 5 décimos de segundo para chegar até o goleiro adversário. 
O impacto de chute na barreira é de 70 quilos. Pelé recomenda ainda uma exploração desse obstáculo, como chutar por cima do defensor mais baixo. Na verdade, é quase impossível marcar o gol ultrapassando a barreira, pois entre esta e o travessão sobram pouco mais de 30 centímetros de visão do atacante.

Há uma solução, que é o chute colocado (em habilidade), sem muita força. mas nesse caso, a vantagem da velocidade é anulada, pois o goleiro terá mais tempo para se movimentar.

No último capítulo do livro, Pelé dá instruções sobre como chutar um penalty. 
Há cinco itens a observar: 
a) colocação da bola; 
b) concentração; 
c) decisão; 
d) corrida; 
e) chute.




O local da colocação da bola deve ser cuidadosamente examinado, pois uma pedra na marca do penalty, ás vezes posta pelo goleiro, poderá mudar a direção do chute. A concentração exige total desligamento do atleta de tudo que o cerca - público e adversários. Pelé, pessoalmente, na cobrança de um penalty, tem o hábito de olhar para o céu e pensar em coisas que nada têm a ver como o futebol. As provocações e as guerras de nervos dos adversários são intensas.

A decisão é necessária na corrida e no chute. O batedor de penalty, ao escolher o canto e calcular a potência do chute, não poderá mudar de idéia na hora em que correr para a bola sob o risco de não marcar o gol. E, penalty perdido, é culpa de quem chutou. O goleiro, debaixo das traves, não tem nenhuma responsabilidade. Não está na obrigação de defender o chute. E como sabe que o batedor já escolheu o canto, usa de artifícios para confundir o batedor, como o de oferecer exageradamente um dos lados para o chute, provocando uma completa reviravolta da situação previamente estabelecida pelo atacante.


Pelé aconselha o seguinte esquema: 
"Tire uma linha de 2 metros dos postes laterais. O goleiro ficará com uma área de 4 metros mais ou menos em seu poder, onde poderá efetuar uma defesa. ( A baliza tem 7 metros ). Sobrará aproximadamente 1 metro e meio de cada lado. Nessa região, o chute é indefensável. É só executá-lo. Se for no alto, não há a mínima chance para o goleiro".

O Professor Júlio Mazzei classifica o livro como uma espécie de testamento de Pelé, quando se aproxima o momento em que o jogador abandonará as chuteiras. É um documento que não pode faltar na história do futebol brasileiro.

E finalmente, a parte destacada em verde diz:
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Em futebol, o chute é fundamental, pois é o chute que leva a bola ao gol. 
Posso citar vários estilos de chute, mas o princípio básico de todos é muito simples: a perna mais importante não é a que impulsiona a bola, mas sim a perna de apoio, que permite à outro perna atuar como alavanca. 
- Por exemplo, se o pé de apoio estiver atrás da linha da bola, a tendência é mandar a bola pelo alto. 
- Ao contrário, quando se coloca a perna de apoio na linha da bola, o chute sairá à meia altura ou rasteiro. 
- Quando, por erro, a perna de apoio fica adiante da linha da bola, ela será pressionada contra o chão e o chute sairá sem direção.

A direção é determinada também pela posição do pé e pela colocação do joelho da perna de apoio, no momento em que a bola é atingida. Se o jogador pretende dirigir o chute na linha da direção da sua corrida, o pé e o joelho da perna de apoio devem estar apontados na direção do alvo. 

No chute de voleio, o sem-pulo, quanto mais o joelho subir e a ponta do pé se voltar pra baixo, formando uma linha reta entre o joelho que sobe e o dorso do pé que desce, maior a tendência para que a bola siga à meia altura baixa. 

Na bicicleta, é necessário um extraordinário movimento de coordenação muscular que requer grande agilidade e destreza. 

Na legenda da foto, Pelé diz para cabecear com a testa e de olhos abertos.

Primeiro, uma impulsão. Depois, um falso movimento de uma das pernas, para que a outra perna tenha tempo de ser impulsionada e tocar na bola.
Depois vem a queda, que deve ser amortecida pelo movimento das mãos, do antebraço e em seguida, das costas. É preciso ter uma noção de profundidade e de largura do ângulo, para colocar bem a bola. Tudo deve funcionar como um mecanismo instantâneo, executado depois de observada a posição do goleiros, da baliza e controlada a potência do chute.

O drible é um capítulo à parte
Para desequilibrar o adversário, o jogador precisa estar numa posição de equilíbrio constante. O atleta deve considerar o próprio umbigo como o centro de sua gravidade. Assim, o drible torna-se apenas uma questão de equilíbrio do atleta quando o executa, enquanto procura desequilibrar o adversário. Muitos jogadores se driblam a si mesmos, pois são incapazes de voltar à posição inicialmente imaginada. É tudo uma questão de cisão: o atacante precisa saber que quem toma a iniciativa é sempre ele. 

O defensor já está em desvantagem, porque não sabe se o atacante vai sair para a esquerda ou para a direita. às vezes, o defensor oferece um lado para o atacante sair. Trata-se de uma manobra proposital para tentar roubar a bola na sequência do lance. Portanto o drible é também uma questão de autoconfiança e, para tal, é preciso treinamento, contato permanente com a bola e uma precisão na  colocação dos pés.

O jogador deve se esforçar para andar com os quadris baixos, manter o seu equilíbrio e flexionar bem as pernas. É também necessário manter a atenção constantemente voltada para os movimentos do adversário, e às vezes examinar até os olhos do adversário, como eu faço. O olhar de um jogador revela muito da sua disposição e de suas intenções.

O drible é um recurso que deve ser utilizado, mas não pode tornar-se uma constante. 
"Só se tenta o drible quando não há um companheiro livre para passar a bola. Dar um bom passe a um companheiro livre é muito mais eficiente do que tentar um drible. 
Eu recomendo o passe, mas não recomendo o drible quando é desnecessário".

Link da revista "MANCHETE", 02/09/1972👉 AQUI





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